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Ser ou não ser? Eis... Nada!

Todo mundo é muito preocupado em ser. No entanto, a preocupação não concerne em ser o que queremos, mas ser o que os outros querem que sejamos, ou esperam que sejamos. E isso é errado! Por que aceitamos essa imposição como se fôssemos obrigados a nos encaixar no padrão social? A sociedade cria uma zona de conforto, onde a maioria tenta se encaixar, e os que não se encaixam são alijados.

Quem disse que o certo é seguir a maioria? Ok. Alguém disse. Tudo bem, muitos já disseram. Mas apenas porque houve uma repetição empírica de um conceito já é suficiente para torná-lo exato, correto ou blindado às críticas? A repetição da coisa a torna senso comum, mesmo que como eu disse, seja esta empiricamente, mas isso impede que a coisa seja modificada? Parece que sim, porque poucos ousam mudar a tal coisa.

Para mim o certo é seguir o coração, desde que sua atitude não traga prejuízo aos outros. Se você quer fazer algo, e isso não vai prejudicar alguém, não vai deixar alguém triste – embora algumas atitudes nossas, inevitavelmente, deixem alguém triste de vez em quando, porque somos obrigados a, por exemplo, dizer não, e o não nem sempre é bem-vindo.

O que eu quero dizer é o seguinte, se você descobriu-se não ser como a maioria espera que você seja, qual o problema? A vida é uma só, até prova em contrário, nossa vida é única, não tem outra chance, passagem só de ida. Quem vive a sua vida é você, não sou eu, seu pai, seu vizinho, sua avó ou sua tia. É você, e só!

Você pode não ter outra chance de fazer aquilo que gosta, almeja ou sonha. Somente você pode viver a vida que quer. Não existe a possibilidade de outorgarmos nossos desejos, porque são particulares, subjetivos. Nem todo mundo gosta da mesma coisa, e esse é o ponto no qual temos que nos sustentar.

Qual é o pecado em sonhar, perseguir os sonhos, viver a vida e tentar ser feliz?

A vida nos dá um desafio. Não sabemos quando ela vai terminar, só sabemos, em determinada idade, quando ela começou. Para isso inventaram a locução “desde quando me entendo por gente”, ora, desde quando adquirimos consciência de sermos humanos, existenciais, mortais, imperfeitos. Quando aprendemos que fomos gerados, ganhamos vida e que ela é finita. Vai acabar. Entendemo-nos, então, por gente. E gente nasce, cresce e morre, importando apenas o que fazemos entre o nascer e morrer. Este é o intervalo que nos desafia. Vivê-lo, e bem.

Sabemos quando a nossa vida começou, e a cada ano, por convenção social, celebramos esta passagem. Mas não sabemos quando vai terminar. Quando conscientes disso, vivemos dia a dia com esta incógnita: quando vai terminar? Todo dia pode ser o último, e o que eu deixei para amanhã, pode não chegar.

Talvez o segredo do bem viver seja não nos arrependermos do que vivemos, mas o contrário, do que não vivemos, dos abraços que não demos, dos sorrisos guardados e das lágrimas que ajudamos derramar, de não estender a mão aos que necessitavam, de não ter partilhado, de não fazer, mesmo sabendo ser o certo, mas porque a maioria não faz. São tantos arrependimentos.

Com tudo isso acredito que, possamos sim, deixar ao menos uma preocupação de lado: a preocupação em ser aquilo que não queremos, só para agradar os que nos criticam, mas jamais viverão a nossa vida.

Sabe, pensando em tudo isso, se tivessem me perguntado quando criança “o que você quer ser quando crescer” e eu tivesse a consciência que tenho hoje, com certeza diria: eu quero ser eu mesmo, mais nada! Quero ser livre, ser feliz, ser exatamente o que me der vontade de ser, nem mais nem menos.

É nisso que hoje eu acredito. É isso que eu imagino seja o primeiro passo para a felicidade.

Se a sociedade, considerada em cada indivíduo, fosse mais o que deseja ser, talvez fosse menos tantas outras coisas. Quem sabe não resida aí a raiva, inveja, intolerância, preconceito e indiferença? Porque ver no outro aquilo que não tivemos coragem de assumir em nossa vida, gera mais negativismo que motivação para mudarmos. Quem tem coragem de sair do padrão, gera desconforto.

Não se preocupe com o que dizem de ti. À noite, quem vai deitar a cabeça no travesseiro e conversar com a consciência será você, e mais ninguém. Apenas você! Quem vai se arrepender do que não fez será você. Na solidão da consciência é que virão as perguntas do porquê não fez o que tinha vontade, da razão pela qual se esforçou para encaixar num paradigma e deixou de ser feliz.

O tempo não volta. O máximo que pode acontecer, se tiver sorte, é a vida te dar uma segunda chance. Alguns recebem este presente. Um fato raro, mas a vida pode lhe dizer “toma, aqui está mais uma oportunidade, faça o correto desta vez, não desperdice mais esta chance”.

Seja, simplesmente. Eis a resposta.


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